Um relatório divulgado pelo Programa Internacional para o Estado dos Oceanos (IPSO) adverte que a saúde dos oceanos está se deteriorando mais rapidamente do que se pensava em decorrência do aquecimento global.
De acordo com o documento, a água tem se tornado mais ácida por absorver mais CO2, o que é prejudicial para o desenvolvimento dos corais. A poluição e a pesca predatória também estariam tendo um impacto sobre a vida marinha.
"Não temos dado a importância necessária aos oceanos. Eles nos protegem dos piores efeitos do aquecimento global, ao absorver o CO2 da atmosfera. Enquanto o aumento da temperatura terrestre parece ter dado uma pausa, os oceanos continuam se aquecendo. As pessoas e a os fomuladores de políticas públicas fracassam ao não reconhecer, ou ignorar por opção, a gravidade da situação", diz o relatório.O relatório chama a atenção para as chamadas zonas mortas, locais fortemente afetados pela poluição de fertilizantes.
O relatório cita como exemplo a ameaça aos recifes de coral, afetados pela temperatura e pelos níveis de acidez crescentes, além da proliferação de algas decorrentes do desequilíbrio ambiental.
Pesca predatória
O relatório pede aos govermos que detenham o aumento de CO2 nos níveis de 450 ppm (partes por milhão, uma medida de volume). Se for além desse montante, os oceanos podem sofrer com um nível de acidez alto ao fim deste século, já que o CO2 é absorvido pela água.
O relatório também pede um sistema de pesca menos predatório e uma lista de substâncias extremamente tóxicas aos oceanos.
O documento pede que um novo acordo internacional para a pesca sustentável nos oceanos e a criação de uma agência de fiscalização internacional.
"Esses relatórios deixam absolutamente claros que postergar ações só vai aumentar os custos no futuro e levar a perdas ainda piores, senão irreversíveis", alerta o professor Dan Laffoley, um dos autores do relatório.
"O relatório de clima da ONU já confirmou que os oceanos estão arcandando com o ônus das mudanças perpetradas pelos humanos em nosso planeta. Essas descobertas nos dão mais razão para alarme, mas também sinalizam a solução. Precisamos usar essa informação", disse.
Risco de extinção
O coordenador do estudo, professor Alex Rogers, da Universidade de Oxford, disse que o relatório é importante por ser “completamente independente da influência dos Estados e por dizer coisas que especialistas da área sentem que precisam ser ditas”.
Ele lembrou que as preocupações aumentaram nos últimos anos justamente porque relatórios assim mostraram que espécies foram extintas no passado com o aquecimento dos oceanos, o aumento da acidez e baixo nível de oxigênio na água – alterações que têm sido registradas hoje em dia.
O professor lembra que há um debate sobre se práticas sustentáveis de pesca estão provocando a recuperação do estoque de peixes em regiões da Europa e dos Estados Unidos. Entretanto, globalmente, está claro que essa recuperação não está ocorrendo.
Ele também admite que se discute se as mudanças climáticas poderiam levar a uma maior produção de peixes nos oceanos. Por exemplo, se a água de degelo dos polos faria aumentar o estoque de pescado em regiões mais frias, enquanto que, nas zonas tropicais, áreas de água mais quente poderiam prejudicar a mistura de nutrientes necessária para uma maior produção.
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