O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse neste sábado (19) que, com o leilão do Campo de Libra, o governo não está “privatizando o petróleo do pré-sal”. Ele disse que o certame desta segunda-feira (21), no Rio de Janeiro, ocorrerá mesmo na possibilidade de apenas um consórcio apresentar proposta.
“Não estamos privatizando o petróleo do pré sal, ao contrário, estamos nos apropriando dessa riqueza imensa que está abaixo do mar e no interior da terra. De nada nos servirá se ela continuar ali deitada em berço esplêndido”, disse em entrevista à imprensa nesta tarde, em Brasília.
Leilão de Libra
O leilão do Campo de Libra, maior reserva de petróleo já descoberta no Brasil, é o primeiro a ser realizado para conceder áreas para exploração de petróleo e gás natural na região do pré-sal sob o regime de partilha de produção.
Pelas regras da partilha, vencerá o leilão o consórcio que destinar a maior parcela do óleo à União. A Petrobras será a operadora única e sócia de todos os campos, com no mínimo 30% de participação.
A expectativa do governo é de produção de 1 milhão de barris de óleo por dia no Campo de Libra.
O governo, de acordo com Lobão, não sabe quantas empresas participarão do leilão. Ainda que apenas um consórcio apresente proposta, o certame será realizado, disse. “De qualquer maneira ocorrerá o leilão”, declarou. “Não sabemos dizer quantos consórcios irão participar desse leilão. Isso importa, mas importa pouco. O importante é que haja participante. Um ou mais de um”.
O ministro lembrou que nove consórcios deram garantia, em forma de depósito, de que participarão do leilão, o que totaliza montante de R$ 156 milhões, conforme informado no início do mês pela Agência Nacional do Petróleo.
“A empresa que apresenta garantia, que não é pequena, há de se supor que ela está interessada em participar do leilão”, disse.
Edison Lobão aproveitou para rebater o que chamou de “críticas infundadas” e de “pessimismo” em relação à licitação do campo.
Para ele, o Brasil está “na madrugada de uma grande revolução econômica para o bem do país. “Tenho lido opiniões ao longo dessa semana segundo as quais o que se vai fazer com o leilão não é algo produtivo para o país. Nós do governo temos opinião diametralmente oposta”, afirmou.
Os regimes de concessão e de partilha, disse, não significam “entrega do patrimônio” a nenhuma empresa brasileira ou estrangeira. Ainda assim, o governo, de acordo com o ministro, considera a vinda de empresas internacionais como “positiva”.
“Nós nada temos contra as empresas estrangeiras, que vêm nos ajudar. As empresas que vêm do exterior e se instalam no Brasil têm as mesmas leis e direitos que regem as empresas brasileiras. Consideramos que a vinda delas nesse caso é positiva e não negativa”, disse.
Ações na Justiça e manifestações
A Advocacia Geral da União informou na manhã deste sábado que o governo tem conhecimento de22 pedidos na Justiça para suspender o leilão do Campo de Libra, o primeiro do pré-sal sob as novas regras do modelo de partilha. Até a última atualização desta reportagem, sete pedidos já foram rejeitados em todo o país, segundo a assessoria do órgão.
Conforme a AGU, advogados da União estão "de plantão" em todos os estados e no Distrito Federal para monitorar a tramitação das ações e atuar em caso de necessidade. A presidente Dilma Rousseff assinou um decreto que autoriza o envio de tropas do Exército para reforçar a segurança e garantir a realização do leilão, que será realizado no Windsor Barra Hotel, na Barra da Tijuca.
Na sexta-feira (18), o secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou que as manifestações contra o leilão do campo de Libra – a maior reserva de petróleo já encontrada no Brasil – são legítimas.
Funcionários da Petrobras entraram em greve no Rio em protesto e prometem atos na próxima segunda para tentar barrar a realização.
"As manifestações não comprometerão o leilão de Libra. Elas devem ocorrer dentro do processo democrático, sem o uso da violência", afirmou Carvalho, após audiência no Senado.
Movimentos sociais, apoiados por esses sindicatos, ex-diretores da Petrobras e alguns acadêmicos tentam barrar o leilão na Justiça, defendendo que ele vai "privatizar" uma das maiores riquezas do país.
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