domingo, 28 de abril de 2013

Cientistas tornam o cérebro transparente para facilitar estudos sobre doenças

Cientistas tornam o cérebro transparente para facilitar estudos sobre doenças
Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, descobriram uma nova forma de estudar o cérebro humano. O método consegue deixar transparente todo o cérebro de um rato, e parte do cérebro humano, de forma que os neurônios que recebem ou enviam informações possam ser destacados em cores vibrantes e vistos em sua complexidade tridimensional, sem a necessidade de cortar o órgão.

A descoberta foi publicada nesta quarta-feira (10), na revista científica Nature. O grupo de pesquisa, liderado por Karl Deisseroth, diz que um dos maiores desafios da biologia é obter informações detalhadas de um sistema complexo mantendo a perspectiva global necessária para entender o funcionamento do todo. Os especialistas afirmam que o novo método, chamado de “clarity”, tem a vantagem de preservar a bioquímica do cérebro para que sejam possíveis testes em estruturas específicas.

Segundo reportagem do jornal The New York Times, o processo pode ajudar a revelar as bases físicas de doenças e transtornos devastadores como a esquizofrenia, autismo, estresse pós-traumático, depressão e outros.

Em várias partes do mundo, cientistas testam formas de deixar o tecido de órgãos transparente. Os pesquisadores de Stanford usaram uma substância chamada hidrogel, que é basicamente composta por água. Um dos responsáveis pelo método, Kwanghun Chung, explicou ao jornal que o hidrogel forma uma espécie de malha que permeia o cérebro, ligando-se à maior parte das moléculas, mas não aos lipídios (gorduras e outras substâncias).

O órgão é colocado em uma solução de sabão e uma corrente elétrica é acionada, o que faz com que os lipídios sejam "lavados" pela solução. Dessa forma, o cérebro fica transparente e sua bioquímica permanece intacta. Moléculas com corantes são aplicadas para visualização de detalhes do órgão e de suas atividades passadas.
 
Chung disse que foi difícil consolidar o método, definindo a combinação certa entre corrente elétrica, temperatura e solução. Ao longo dos anos de pesquisa, ele afirmou ter queimado e derretido mais de uma centena de cérebros.

A nova descoberta já pode ser usada por qualquer cientista, mas tem suas limitações. Não foi possível deixar todo o cérebro humano transparente (como o dos ratos), porque ele é maior e possui mais lipídios.

O estudo não faz parte da iniciativa aprovada pelo governo de Barack Obama recentemente, que pretende investir US$ 100 milhões no mapeamento do cérebro humano. O objetivo é auxiliar na descoberta da cura de doenças como Alzheimer e epilepsia. Mas especialistas dizem que a pesquisa anunciada hoje constrói uma fundação para os ambiciosos planos de Obama.

Assista ao vídeo de demonstração do método clarity: www.youtube.com/watch


Fonte: Revista Época

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