terça-feira, 10 de setembro de 2013

Mulheres descuidam da vacinação

A falta de imunização contra rubéola é o principal desencadeador da catarata congênita, maior causa de cegueira infantil. Saiba como evitar.

Doença contagiosa e comum na infância, a rubéola, também pode ocorrer entre adultos e está por trás da maior causa de cegueira infantil, a catarata congênita. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, isso acontece porque a imunidade ao vírus que causa a doença, o rubivírus, só é adquirida após a segunda dose da vacina.
O especialista afirma que a primeira vacina é aplicada quando a criança completa um ano. A segunda entre 4 e 6 anos. O problema é que muitas pessoas deixam de tomar a segunda dose. Por isso, o médico recomenda que no início da vida sexual toda mulher faça um teste sorológico, disponível na rede pública de saúde, para checar sua imunidade ao rubivírus. Em caso de não estar imune deve tomar a vacina. Isso porque, se contrair rubéola durante uma gestação, o vírus atravessa a placenta e provoca alterações nos tecidos do feto em formação. Os sistemas mais atingidos são o cardíaco e nervoso, incluindo os olhos. Significa que além da catarata congênita, a doença também pode causar no feto surdez, retardamento mental, malformação do globo ocular (microftalmia) e até interromper a gestação.
Sem sintomas
Queiroz Neto afirma que o maior desafio da rubéola entre gestantes é a falta de sintomas em 80% dos casos. Só em 20% das pessoas surgem pequenas manchas vermelhas na pele, febre, dor nas articulações e aumento dos gânglios. Por isso, é comum mulheres confundirem algum mal-estar da rubéola com gripe. “Só ficam sabendo que tiveram a doença durante a gestação quando o bebê nasce com catarata”, comenta. Ele ressalta que independente dos sintomas a vacina não deve ser tomada durante a gravidez. Isso porque, é produzida com o vírus vivo e pode trazer complicações para a saúde do feto.

Sequelas da catarata congênita


O médico explica que entre crianças ou idosos as características da catarata são idênticas: o cristalino do olho fica opaco e impede que as imagens cheguem à retina, levando à cegueira se não for tratada.


A diferença é que no caso da catarata infantil a visão está em desenvolvimento. Por isso a falta de diagnóstico logo no início pode acarretar outras doenças. Uma delas é a ambliopia ou olho preguiçoso que acontece quando só um olho é atingido pela catarata. “O esforço visual para enxergar com o olho de melhor visão anula o desenvolvimento do outro”, afirma. Outras seqüelas oculares que podem estar associadas à catarata congênita são: nistagmo (movimentos não coordenados dos olhos), estrabismo (desalinhamento dos olhos), fotofobia (aversão à luz) e dificuldade de fixação do olhos.


Diagnóstico


Queiroz Neto afirma que o diagnóstico da catarata congênita é feito através de um exame barato e indolor. Trata-se do teste do olhinho, que deve ser realizado logo que o bebê nasce e está em vias de se tornar obrigatório em todo o país. É feito com um oftalmoscópio, espécie de lanterna com a qual o médico joga luz sobre o olho do bebê.

Quando a luz emite um reflexo vermelho contínuo significa que o olho é saudável. Se o reflexo for descontínuo ou não for emitido indica catarata congênita.

Tratamento


O oftalmologista diz que a cirurgia com implante de uma lente intraocular que substitui o cristalino opaco também é indicada no tratamento da catarata infantil. O procedimento, comenta, deve ser só feito quando o bebê completa três meses. Isso porque, proporciona melhor recuperação da função visual e pode induzir ao glaucoma se for realizado antes.


Ele destaca que o comprometimento dos pais é essencial para que a criança tenha boa visão. Isso porque, é necessário estimular o desenvolvimento da visão e ter acompanhamento com um oftalmologista a cada 3 meses após a cirurgia.
Eutrópia Turazzi

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