Ação americana poderia provocar fragmentação da Síria, instabilidade no Líbano e piora nas relações entre Irã e EUA
O presidente americano Barack Obama aguarda a aprovação do Congresso para iniciar uma ação militar na Síria, em retaliação a um suposto ataque químico lançado pelo líder Bashar al-Assad . Se a intervenção for aprovada, ironicamente EUA e a Al-Qaeda, seu pior inimigo, passarão a lutar por um objetivo comum, pois entre os rebeldes sírios anti-governo há grupos vinculados à rede terrorista.
“Os EUA e Al-Qaeda não serão aliados formalmente, no sentido de que fizeram uma aliança. Serão 'aliados' entre aspas, por força das circunstâncias: terão os seus interesses alinhados por uma causa comum”, explicou Bernardo Wahl, professor na pós-graduação da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP).
“Mas esse alinhamento temporário de interesses entre Washington e a Al-Qaeda não será assumido por nenhuma das partes, pois tornar isso público não interessa a nenhuma delas”, completou.
Segundo Freitas, o mais provável é que os EUA optem por enfraquecer o regime sírio com ataques pontuais a instalações militares, para reduzir seu poder de fogo. Ao mesmo tempo, devem procurar logo uma formatação de poder que seja aceita pela população e que tenha interesses alinhados aos seus. Formar um novo governo será o próximo desafio, caso a intervenção contra Assad seja bem-sucedida.
Autoritário, o regime sírio conseguiu colocar ordem no país, composto por uma série de grupos étnicos e religiosos. O cenário pós-Assad é incerto e cheio de perigos, avaliou Wahl: “A queda de Assad poderia descongelar conflitos até agora congelados pela ordem imposta pelo governo. Uma Síria pós-Assad, caso não haja todo um complexo processo de negociações, pode resultar em mais guerra civil, desta vez entre os grupos que disputam o poder, considerando que os chamados rebeldes são compostos por uma série de grupos.”
IG.
Nenhum comentário :
Postar um comentário