O mercado atribui o fracasso ao preço-teto da energia, artificialmente baixo
A conta do setor elétrico neste ano será ainda mais salgada para o consumidor do que o estimado pelo governo anteontem, se o leilão de energia marcado para abril não seja bem-sucedido.
Pelo programa de socorro às distribuidoras anunciado anteontem, as empresas terão que tomar emprestados R$ 8 bilhões, que serão integralmente repassados às tarifas a partir de 2015.
No entanto, para que esse valor seja mantido, o governo precisa que haja interesse e concorrência suficientes para que o preço da energia caia a cerca da metade do atual no leilão -que contratará energia para entrega imediata em caráter emergencial.
Mas, no mais recente leilão semelhante, promovido pelo governo em dezembro, a oferta de energia não chegou nem à metade da necessidade de contratação das distribuidoras. O mercado atribui o fracasso ao preço-teto da energia, artificialmente baixo, que espantou as empresas.
"Os R$ 8 bilhões são uma expectativa, considerando o que já ocorreu até hoje e o que vai ocorrer até o fim do ano. Imaginando que o leilão vai mitigar todo o problema até o fim do ano", disse o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Romeu Rufino. "O financiamento pode ser maior, se não resolver todo o problema."
Os empréstimos serão levantados pelas distribuidoras por meio da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) e terão como garantia os repasses integrais desse custo às tarifas.
As distribuidoras de energia elétrica têm enfrentado dificuldades de caixa por causa dos altos custos da compra de energia no mercado livre e do uso massivo de energia térmica por conta do período prolongado de seca.
Ontem, a CCEE anunciou que o preço da energia novamente atingiu o teto e deve ser comercializada até o fim da próxima semana pelo valor de R$ 822 -71% mais que o esperado pelo governo no leilão de 25 de abril.
DISTRIBUIDORAS
O presidente da Abradee (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica), Nelson Fonseca Leite, afirmou ontem que as medidas anunciadas pelo governo "foram positivas e serão suficientes para evitar uma inadimplência generalizada".
A Folha entrou em contato com dez distribuidoras, do Sudeste, Sul, Nordeste e Centro-Oeste, mas nenhuma quis comentar as medidas do governo.
Folha Online
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