Um dos profissionais mais raros do país pode ser encontrado na Paraíba, em sua oficina improvisada na cidade de Salgado de São Félix, colecionando raridades. Geraldo Pereira de Oliveira (34) é o único afinador e restaurador de pianos da Paraíba, e um dos poucos do país. A profissão está em extinção, e hoje dificilmente, se consegue encontrar um profissional apto a deixar o instrumento em ponto para concerto.
Em sua oficina Geraldo trabalha cercado de peças antigas e algumas raridades. Ele diz com orgulho que é o único da Paraíba e um dos poucos do Nordeste a desenvolver o raro ofício de afinar pianos. Com mãos de artistas, ele cuida do instrumento com todo carinho. As peças velhas, gastas pelo tempo, logo viram joias raras. E voltam a produzir sons, prontas para qualquer concerto.
A arte de afinar pianos nada tem a ver com a de tocá-los. O afinador é um exímio conhecedor dos sons e das engrenagens, e sabe harmonizá-los em canções. Sentado em um velho tamborete de madeira, bem no fundo da oficina, no Brejo paraibano, ele coloca as mãos sobre o piano e com sensibilidade poética procura ouvir o som que ele produz, distinguindo uma nota da outra. Alguns instrumentos são raros, como o piano pertencente ao Teatro Municipal Severino Cabral que, inclusive, já foi devolvido à casa de espetáculo. Quem chega na oficina e vê o rapaz em atividade pode pensar que ele está ensaiando para um daqueles concertos magistrais que fazem os fãs da música clássica viajarem no tempo. Só que ao invés de partituras com o conjunto de notas musicais, o que se vê são ferramentas espalhadas no chão.
Em sua oficina Geraldo trabalha cercado de peças antigas e algumas raridades. Ele diz com orgulho que é o único da Paraíba e um dos poucos do Nordeste a desenvolver o raro ofício de afinar pianos. Com mãos de artistas, ele cuida do instrumento com todo carinho. As peças velhas, gastas pelo tempo, logo viram joias raras. E voltam a produzir sons, prontas para qualquer concerto.
A arte de afinar pianos nada tem a ver com a de tocá-los. O afinador é um exímio conhecedor dos sons e das engrenagens, e sabe harmonizá-los em canções. Sentado em um velho tamborete de madeira, bem no fundo da oficina, no Brejo paraibano, ele coloca as mãos sobre o piano e com sensibilidade poética procura ouvir o som que ele produz, distinguindo uma nota da outra. Alguns instrumentos são raros, como o piano pertencente ao Teatro Municipal Severino Cabral que, inclusive, já foi devolvido à casa de espetáculo. Quem chega na oficina e vê o rapaz em atividade pode pensar que ele está ensaiando para um daqueles concertos magistrais que fazem os fãs da música clássica viajarem no tempo. Só que ao invés de partituras com o conjunto de notas musicais, o que se vê são ferramentas espalhadas no chão.
O reconhecimento ao talento de Geraldo vem dos próprios mestres da música. “Só quem já teve um piano afinado ou reformado por este rapaz, sabe o quanto a destreza e a habilidade, o amor e o profissionalismo podem caminhar juntos em busca do principal objetivo, que é o som perfeito a plena satisfação do cliente” revelou o maestro Maestro Albério Aragão.
Mesmo passando a maior parte do dia cercado por pianos, alguns verdadeiras relíquias de valor inestimável, Geraldo não se considera pianista. Afinal, nunca participou de nenhum concerto. A arte de afinar piano é um dos seus maiores prazeres. Como todo nordestino que mora em uma das mais secas regiões do Estado, Geraldo batalha duro para tirar o sustento. O mestre dos pianos divide seu tempo como pai de família, estudante de Química da UEPB, professor de Matemática, além de prestar serviço a Coordenação de Cultura do seu município.
Geraldo começou a se interessar por essa atividade aos 18 anos, na cidade de Recife (PE), onde nasceu. Reprovado em teste no Conservatório de Música de Pernambuco, ganhou uma oportunidade para aprender a manusear piano no Sertão paraibano. Em 1991, já morando em Salgado de São Félix, foi chamado para ajudar o amigo Jonas Chateaubriand a afinar um piano. Jonas tinha uma oficina no fundo de casa, mas não sabia afinar o instrumento. Quando estava tentando, com as mãos sobre a peça, Geraldo foi surpreendido por um afinador de piano que estava de passagem pelo município e logo descobriu o valor do jovem.
No mesmo ano, Geraldo foi convidado para fazer um curso na fábrica F.Essenfelder na cidade de Curitiba (PR). Lá, ele aperfeiçoou a arte de afinar e restaurar piano. Quando voltou para Salgado de São Félix já estava experiente na arte de consertar piano. Os conhecimentos que herdou do professor e mestre Benine foram suficientes para ele ajudar a salvar estes preciosos instrumentos musicais ainda preferidos pelos amantes de uma boa música. Há cinco anos, Geraldo montou a sua própria oficina.
Atividade é bastante procurada
Quem pensa que recuperar e afinar piano é uma atividade pouco procurada, se engana. Segundo Geraldo Pereira, ele trabalha, em alguns momentos, sem descanso no final de semana para poder atender a demanda de pedidos. Afora ele, mais três pessoas auxiliam no trabalho. “São jovens que ajudamos a aprender essa atividade para nos substituir no futuro”, comentou. Por ano, ele conserta uma média de 15 pianos e faz a manutenção de pelo menos 80 peças.
Por ser um profissional raro, o pernambucano que adotou a Paraíba para morar, percorre o Nordeste todo afinando e restaurando pianos. Ele tem clientes na Paraíba, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. Instrumentos raros, verdadeiras relíquias de igrejas, universidades e museus chegam nas mãos habilidosas do artesão. Muitos pianos chegam em estado de conservação deplorável e saem da oficina novinhos. A restauração completa de um piano requer tempo, dedicação e paciência. Ele passa, em média, três meses para recuperar um piano. A manutenção é mais rápida. Em apenas um dia o piano fica no ponto para tocar em qualquer concerto.
No país são poucos os afinadores de pianos
Um artista da música, o afinador de pianos é raro no Brasil. Mesmo a música clássica estando em ascensão, é difícil encontrar um profissional com o dom para afinar os grandes instrumentos. Além do paraibano, dois profissionais se destacam no país nessa arte. São os últimos afinadores de pianos do país. Um deles é o gaúcho Armando Aronne 34 anos. Em vez de bombeiro, piloto de avião, detetive ou jogador de futebol, Armando Aronne decidiu aos 15 anos que seria afinador de pianos. A paixão está instalada na família há bastante tempo. Chegou da Itália em 1954 com o patriarca Giovani, que fundou em São Paulo a Aronne Pianos, uma das mais conhecidas lojas de venda, aluguel e reforma desse instrumento musical.
O afinador até arranha algumas notas, mas, apesar das mãos graúdas e dos dedos longos típicos de concertistas, não é essa a sua vocação. Nasceu para afinar o instrumento. O dom já o levou a concertos de celebridades como Nelson Freire, Nora Jones, Jack Johnson, e o transporta todos os anos para um mês de trabalho no Festival de Inverno de Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Músicos mais exigentes não sobem ao palco sem um afinador ao lado. E lá está Armando.
Aos 32 anos, cuida dos pianos das melhores casas de espetáculos da cidade, e também dos instrumentos alojados em residências que insistem em manter viva uma tradição muito comum até meados do século passado.
Outro afinador de pianos em atividade no Brasil é Aristides Pessoa de Pina, 47 anos. Ele está há 23 na profissão aprendida com outro profissional e através de livros escritos em inglês e alemão. Para complementar a renda, também conserta e vende o instrumento. “O aprendizado é contínuo, com livros e a prática. Não tem escola ou formação. Afino cerca de 20 pianos por mês”, contou o afinador.
Embora afine muitos pianos em sua loja no Rio de Janeiro, Aristides também faz o serviço na casa dos clientes e, para garantir uma renda melhor, chega a ir à Região Serrana para afinar os pianos. Mas, mesmo assim, ele garante que a profissão está em extinção. “Piano é um instrumento caro, apesar de ter barateado nos últimos anos com as fábricas fazendo pianos com madeiras mais em conta. Além disso, muitas pessoas não têm mais o instrumento em casa, ao contrário de antigamente. Também faltam cursos de qualificação”, lamentou o afinador, que tem uma loja no Centro de Niterói.
O faturamento mensal é sempre uma incógnita. “Tem mês que recebo até R$ 5 mil e, em outros, a metade”, informou Aristides.
Severino Lopes
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