Uma revisão nos custos de logística pela Petrobras pode concentrar os estoques de combustíveis da região Nordeste (com exceção da Bahia e do Maranhão) no porto de Suape, em Pernambuco. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Sindipetro-PB), Omar Hamad Filho, alertou para a necessidade da mobilização da classe política para não permitir que essa estratégia da estatal seja levada à diante.
De acordo com o Sindipetro, a Paraíba teve redução de 50% na recepção e distribuição de combustíveis pelo Porto de Cabedelo. O presidente da Companhia Docas, empresa que administra o Porto de Cabedelo, Wilbor Jácome, disse que a única informação oficial recebida é de que 70% da produção do diesel S10 será feita na Refinaria Abreu e Lima (PE), a partir de 2014.
Uma nota oficial da Petrobras publicada na imprensa pernambucana diz que “a configuração da refinaria não será alterada. Iniciará as operações em novembro de 2014 voltada para o Diesel S-10, que corresponderá a 70% da produção”.
Ele disse que o prejuízo, com eventuais mudanças de tancagem para o porto de Suape, em Pernambuco, seria de até R$ 300 milhões para o estado da Paraíba. O governador, em outro trecho, admitiu que os estudos da Petrobras existem e considerou que "trata-se de um erro estratégico" concentrar o entreposto em Suape e prejudicar também os estados do Rio Grande do Norte, Sergipe e Alagoas.
A Petrobras esclareceu ainda que não estuda a produção de gasolina no Complexo de Suape. Contudo, não informa se toda a distribuição de combustíveis para a maioria dos estados do Nordeste, incluindo a Paraíba, será definitivamente transferida para o entreposto pernambucano.
O presidente do Sindipetro-PB afirma que os novos veículos produzidos no país que funcionam com diesel S10 não encontram esse combustível na Paraíba. Assim como foi publicado na nota da Petrobrás, Hamad explicou que as novas refinarias anunciadas pela estatal vão produzir uma quantidade maior de diesel, mas a empresa não deu detalhes sobre a situação dos derivados que são muito consumidos e permanecem mais escassos no mercado.
Wilbur Jácome defendeu que o Porto de Cabedelo tem potencial e estrutura para embarque e desembarque de, no mínimo, 35 mil toneladas de carga. Porém, o que Hamad já afirmou não tem relação com a capacidade do porto paraibano. Ele revelou que o Estado está sofrendo redução no abastecimento de combustíveis devido a um corte de gastos priorizado pela Petrobrás.
A revisão dos custos de logística anunciada pela Petrobras surgiu diante da falta do dinheiro venezuelano, através da parceria com a Petróleos da Venezuela (PDVSA), para a conclusão da refinaria em Pernambuco. Pelo acordo firmado, o Brasil assumiria 60% dos gastos, e a Venezuela, os 40% restantes. As obras já estão 75% concluídas. A Petrobras arca com os custos. Até dezembro de 2012, já havia injetado R$ 11,6 bilhões.
Como medida de contenção de gastos diante da crise que atravessa, o abastecimento foi reduzido de quatro para duas vezes ao mês. Há pelo menos 20 dias a crise no abastecimento de gasolina afeta o mercado nordestino.
O governador Ricardo Coutinho disse que já levou, por mais de uma vez, a necessidade de investimentos no Porto de Cabedelo ao ministro dos Portos, Leônidas Cristino. Segundo o governador, seriam necessários investimentos de R$ 250 milhões para que o Porto de Cabedelo aumentasse sua capacidade de recepção de carga, inclusive de navios da Petrobras.
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