sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Até o final deste ano, 7.370 paraibanos devem descobrir que têm câncer


Criança com câncer

Até o final deste ano, 7.370 paraibanos devem descobrir que têm câncer, segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca), considerando pelo menos 18 tipos de tumores. Segundo o Inca, os novos casos deverão atingir 3.790 mulheres (51,4%) e 3.580 homens (48,5%). Só na Capital, serão 1.590 novos diagnósticos (690 em homens e 900 em mulheres).
Para ajudar na detecção precoce da doença, o Hospital Napoleão Laureano, em João Pessoa, poderá contar no próximo ano com dois novos equipamentos. Esta foi a previsão dada pelo novo diretor-geral do Laureano, Péricles Serafim, empossado na manhã de ontem. Segundo ele, um aparelho de ressonância magnética nuclear e um equipamento de gama câmera serão imprescindíveis no diagnóstico precoce do câncer.
“Os aparelhos são de ponta e importantíssimos para o hospital. Foi uma doação do Governo Federal, por meio de emendas parlamentares. Vamos trabalhar para que esses equipamentos comecem a funcionar ainda no fim deste ano”, disse Péricles Serafim. Ele explicou que para receber os equipamentos, será preciso construir salas especiais no Laureano e obter licenciamentos de órgãos de vigilância sanitária, por causa da radiação emitida.

No primeiro discurso como novo diretor, porém, o Péricles Serafim foi diplomático, agradecendo pelo trabalho da gestão anterior e pedindo que fosse passada uma “borracha” no que definiu como “problemas do passado”, mas adiantou que toda a diretoria do hospital será renovada e que o foco primário é resolver a questão financeira do Laureano.
Déficit de R$ 6 milhões
O novo diretor informou que o déficit do hospital – estimado pelo ex-diretor João Simões em R$ 800 mil mensais e de R$ 6 milhões acumulados – ainda não está calculado, mas que uma reunião com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) fará um “confrontamento de contas”, para identificar a real situação e tentar solucioná-la. “Existe a promessa do prefeito de que essa diferença iria ser repassada, se não de uma vez, mas em parcelas”, adiantou.
Simões continua no hospital
Visivelmente emocionado e abatido, o ex-diretor João Simões participou ontem da cerimônia de transmissão do cargo de diretor-geral do Hospital Laureano, mesmo tendo dito na última quarta-feira, à reportagem do Correio, que estava apenas entrando em férias. Ele expressou profunda gratidão pelos 33 anos de trabalho à frente da unidade, iniciado em 1º de outubro de 1979. “Vou continuar fazendo aquilo que sempre gostei de fazer: trabalhar no Hospital Laureano. O hospital foi inaugurado em 24 de fevereiro de 1962. Em dezembro do mesmo ano, comecei a trabalhar aqui. Me apresentei ao doutor Ivanildo Arruda, que era diretor clínico, e nunca mais saí. Isso aqui virou a minha casa. Virou a minha cabeça. Aonde eu ia, levava o Laureano na minha cabeça, e isso era uma coisa muito gostosa, uma experiência muito grande”, afirmou.
Simões não expressou nenhuma palavra sobre o convite feito pouco antes pelo novo diretor, Péricles Serafim, em ajudar e dar conselhos sobre a administração do Laureano, mas deixou uma mensagem. “Desejo ao doutor Péricles Serafim grandeza, paciência e iluminação. Que ele faça com que esse hospital cresça cada vez mais”.
Novo diretor garante tratamento
Mesmo com déficit, o novo diretor do Laureano, Péricles Serafim, garantiu que a Lei 12.732/2012 – que trata da obrigatoriedade de tratamento em 60 dias após diagnóstico do câncer – será cumprida, sem deixar nenhum paciente desassistido, ainda que os atendimentos ultrapassem o teto financeiro do hospital.
“Estamos negociando com a prefeitura da Capital as condições para que essa lei seja cumprida, mas não foi criada uma dotação orçamentária referente a essa lei, por isso a negociação”, afirmou.
Aumento de 40%
Péricles confirmou a média estimada na semana passada pelo ex-diretor João Simões sobre o acréscimo de 40% nos atendimentos depois que a nova lei entrou em vigor.
Posse
O cirurgião plástico Péricles Serafim tomou posse ontem como novo diretor-geral do Hospital Napoleão Laureano, numa cerimônia que mais serviu como homenagem ao ex-diretor, o oncologista João Batista Simões. Simões foi aclamado de pé por funcionários presentes, depois de 33 anos à frente da unidade de saúde, enquanto Serafim foi recebido com notável resistência.
“O hospital tem uma estrutura enxuta, mas com alguns problemas pontuais recentes, que se devem a uma lei federal que determina que os pacientes com diagnóstico de câncer devam iniciar o tratamento em, no máximo, 60 dias. Mas, isso está sendo trabalhado junto à Prefeitura de João Pessoa. Tivemos uma reunião ontem com o prefeito Luciano Cartaxo e com o secretário de Saúde (Adalberto Fulgêncio). Existe uma sinalização no sentido de que isso vá ser resolvido a curto prazo. Estamos muito otimistas”, afirmou Péricles.
“Sem crise e sem confusão”
O diretor-presidente da Fundação Napoleão Laureano, Antônio Carneiro Arnaud, voltou a afirmar que os cargos de direção do hospital são de confiança e ninguém é vitalício. “O diretor-presidente da Fundação (ele próprio), de acordo com o estatuto e o regimento interno, os poderes de propor à diretoria qualquer substituição. Decidimos por unanimidade que chegou a hora de fazer a substituição do doutor João Batista pelo outro colega, o doutor Péricles Simões. É um ato normal. Não pesou nada (na decisão). Queremos apenas injetar sangue novo. Não há crise no hospital. O que há sempre são dificuldades, que vão inclusive estar na administração do doutor Péricles, porque nós atendemos 90% dos pacientes do SUS, e as tabelas do SUS têm preços pequenos”, afirmou.
Carneiro Arnaud também preferiu pôr panos quentes no clima de animosidade claramente presente na sessão de transmissão de cargos e no discurso apaziguador do novo diretor, que ressaltou que não haveria nenhum tipo de perseguição, “conforme andavam dizendo por aí”.   

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