quarta-feira, 26 de junho de 2013

PIRÂMIDE: empresa investigada pela polícia de PE abre ‘tentáculos’ na PB

PIRÂMIDE: empresa investigada pela polícia de PE abre ‘tentáculos’ na PB
PIRÂMIDE: empresa investigada pela polícia pernambucana abre ‘tentáculos’ na PB e deixa população apreensiva

Ganhar muito dinheiro com o mínimo esforço. Esse é o sonho de todo mundo, mas que acaba virando sempre um pesadelo quando essa alternativa é fornecida com o auxílio de esquemas conhecidos como ‘Pirâmide’, ‘Ponzi’ ou ‘Santo Antônio. Definido como crime contra a economia popular, o crime da pirâmide retornou com força total nos últimos meses e a cada dia vem conquistando e alienando mais e mais ‘divulgadores’em todo país.

Na Paraíba não é diferente. Depois do fenômeno da Telexfree, que acabou frustrando vários seguidores no Estado, agora, mais uma empresa, desta vez com sede em Pernambuco, está causando apreensão na população que decidiu arriscar a sorte e investir todas as economias em busca de dinheiro fácil.

A bola da vez atende pelo nome de PRIPLES, que já está sendo investigada pela polícia de Pernambuco, ao mesmo tempo em que abre ‘tentáculos’ no estado paraibano.

De acordo com o delegado titular da Delegacia do Ipsep e autor do inquérito contra a Priples, Carlos Ferraz, acredita que o caso se trate de uma pirâmide e só espera o resultado da perícia contábil para comprovar oficialmente sua tese.

“Como uma empresa cuja razão social é de R$ 30 mil pode pagar dividendos milionários aos seus clientes?” Ferraz conta que a Priples poderá ser indiciada por outros crimes, como formação de quadrilha, sonegação fiscal e estelionato.

Segundo o delegado, há também várias queixas dos usuários por não conseguirem localizar a sede física da Priples. Pelo menos 14 pessoas já prestaram uma notícia crime no Ipset de Pernambuco por se sentirem lesadas pela pirâmide, tendo, muitas deles, adquirido empréstimo e se desfeito de móveis e imóveis para entrar de cabeça ‘no investimento dos sonhos’.

Outro agravante era que os dois endereços fornecidos no site da Priples são falsos. A sede apontada no site é o empresarial Pontus Corporate Center, em Boa Viagem. Depois dessa constatação, a empresa se instalou em Jaboatão dos Guararapes, apresentando agora uma sede fixa.

“Tem muita gente que, atraído pelas promessas de bonificações excessivas, se desfazem de bem materiais, tomam empréstimos e se arriscam escalando um castelo que a qualquer momento pode desabar”, alertou o delegado.

 

O QUE A PRIPLES OFERECE

Em um mês, R$ 1 mil geram mais R$ 600. No mínimo. E o melhor: você nem precisa sair de casa para isso. É só responder a cinco perguntas propostas diariamente por um site. E pode pesquisar na internet para responder, se quiser. E não se preocupe, ninguém do portal vai checar se as respostas estão corretas. Parece brincadeira, mas não é.

 

É esse o negócio que a empresa pernambucana de marketing multinível chamada Priples propõe aos usuários. Com quantias a partir de R$ 100, o investidor ganha o direito de ser remunerado em 2% ao dia durante um ano.

A promessa de ganhos chama tanta atenção que também atraiu os olhares da Polícia Civil do estado, que abriu inquérito para investigar o caso. A Priples está sendo investigada por crime contra a economia popular – mais conhecido como esquema de pirâmide financeira. Já existem mais de dez queixas contra a empresa.



RECOMENDAÇÃO

Segundo o delegado do Ipset, os usuários devem, primeiramente, sempre desconfiar dessas promessas de dinheiro fácil. “Se analisarmos as decisões judiciais vemos que a justiça declarou que todos esses contratos feitos nos moldes da pirâmide são nulos e inevitavelmente pode haver prejuízo”, alertou.

Ainda conforme o delegado, os divulgadores que se sentirem lesados podem procurar a delegacia de Recife, onde já tem um inquérito bastante adiantado sobre o caso, mas também pode realizar a denúncia em qualquer outra delegacia.

“A ordem a quem se sentir lesado é denunciar em cada estado”.

O Ministério Público também está atento e orienta os usuários a provocarem o orgão para que as devidas investigações sejam realizadas. Para o procurador Oswaldo Trigueiro, o crime da pirâmide nesses casos de marketing multinível é notório e deve ser combatido.

"A ordem é desconfiar do dinheiro fácil", disse.


TELEXFREE E BBOM NA MIRA


O Ministério Público de Pernambuco e o Ministério da Justiça informaram que estão investigando a Telexfree por suspeita de fraude financeira. Pelo mesmo motivo, o MPPE também abriu uma ação contra a BBOM. A Polícia Federal disse que não se pronunciava sobre investigações em curso. 


O QUE AS EMPRESAS PROMETEM

Priples

Vende aos usuários o direito de anunciar em seu site


Remuneração


1. Comissão

A Priples promete pagar uma comissão de acordo com o nível em que o novo cliente está entrando. Pode ser baseada no valor que o novo cliente irá investir ou no valor do investimento feito pelo usuário antigo, nos últimos 12 meses (prevalece o menor).


2. Participação

A empresa promete pagar 2% por dia ao usuário que responder perguntas de conhecimentos gerais. O percentual é calculado sobre o total de recargas nos últimos doze meses.


TelexFree

Empresa se anuncia como multinacional que tem como negócio a venda de pacotes de Voip


Remuneração


1. Vendendo voips (voz sobre IP na internet)

2. Publicando anúncios sobre a TelexFree diariamente. Esquecendo de fazer anúncio em um dia, perde-se a semana toda.

3. Formando rede multinível (conseguindo novos adeptos ao negócio)


Paga-se taxa de adesão em todos os kits de anúncios da empresa.


BBOM

Negocia o aluguel de rastreadores de veículos. São três tipos de planos para aquisição de rastreadores, aluguel do aparelho ou indicação efetivada de cliente.

 

GOLPE DA PIRÂMIDE


A função de cada novo participante é sinteticamente:

a) dar dinheiro para os golpistas/recrutadores, e... b) cooptar novos participantes que paguem para o esquema.

O nome do esquema deriva da forma da pirâmide que é um triângulo tridimensional, ou seja um sólido com a ponta fina e a base grande. Se o esquema prever que cada pessoa encontre 10 novos participantes e a pirâmide começar com uma pessoa no topo, teremos 10 pessoas debaixo dela e 100 debaixo deles e 1000 debaixo deles etc ... a pirâmide terá mais da inteira população da terra depois de 10 andares (ou níveis), com um único golpista no topo. Veja o gráfico abaixo:

1

10

100

1.000

10.000

100.000

1.000.000

10.000.000

100.000.000

1.000.000.000

10.000.000.000

Os esquemas a pirâmide funcionam porque as pessoas são gananciosas e a ganância tem efeitos inacreditáveis sobre a racionalidade e a capacidade de pensar do ser humano.

Para uma pessoa que deseja fazer muito dinheiro com um pequeno investimento e em pouco tempo, o pensamento "esperançoso" toma conta onde a crítica objetiva deveria entrar. As esperanças viram fatos. Os céticos viram idiotas que não entendem nada. Os desejos e esperanças viram realidade. Fazer perguntas esclarecedoras parece pouco educado e amigável.

Os golpistas sabem como a ganância funciona e tudo o que precisam é um primeiro fraudador para que as coisas comecem. No Brasil, diferentemente de outros países, os esquemas piramidais não tipificam automaticamente um crime por não existir uma lei específica. Em alguns casos, porém, dependendo de vários fatores, esquemas piramidais podem tipificar um crime contra a economia popular (Lei 1521/51).


Pirâmides modernas e disfarçadas


Com o advento da internet novos tipos de esquemas apareceram e esquemas antigos se modernizaram.

Uma das chaves usadas hoje por muitas destas fraudes é a lenda que na internet se pode tudo. Aparecem diariamente propostas de negócios do tipo "monte um site e vire milionário" ... ou "mande milhões de e-mails e venda de tudo faturando milhões". Isso tudo se baseia em pressupostos falsos mas aparentemente "sólidos", exatamente como os tradicionais esquemas a pirâmide usavam argumentos aparentemente sólidos (até matemáticos !) mas efetivamente falsos.


Em tempos mais recentes os esquemas a pirâmide, freqüentemente, são disfarçados como sistemas de "Marketing Multi Nível" (MMN) ou "Marketing de Rede". Em alguns casos até utilizam, para sua difusão, alguns dos conceitos e métodos (oportunamente desvirtuados, de forma sutil) deste sistema de marketing, mas sempre mantendo de forma mais ou menos disfarçada as características de "pirâmide" acima indicadas. Nestes casos o "produto" vendido pelo sistema de MMN raramente tem um valor próximo de seu preço real e mais raramente ainda é o verdadeiro e principal foco do negócio e da suposta renda gerada pelo "sistema". Veja no site o capítulo sobre Marketing Multi Nível (ou Multi Level Marketing - MLM).


Um caso emblemático que vale a pena mencionar foi o que aconteceu na Albânia entre 1996 e 1997. Neste período naquele país, que estava tentando sair de anos de crises econômicas, e onde a população ansiava por crescimento e riqueza, surgiram uma série de "fundos de investimento" que funcionavam de forma piramidal com esquemas bem parecidos com o "de Ponzi" (veja em seguida).

Aproximadamente um sexto da população do país aderiu a estes esquemas, na esperança irracional que pudessem ser verdadeiros, até que tudo desabou (em questão de um ano aproximadamente).

Todo mundo perdeu seu dinheiro e o país inteiro literalmente quebrou, mergulhando numa crise econômica, política e social extremamente grave.


Origens históricas do esquema geral e de algumas denominações


Um breve aceno histórico sobre a origem deste tipo de esquema e dos nomes alternativos de "Ponzi" e "São Antonio" para os esquemas a pirâmide.


Algumas fontes históricas indicam como primeira “inventora” de um golpe piramidal, na década de 1870, uma mulher espanhola chamada Baldomera Larra Wetoret. Esta senhora, abandonada pelo marido em condições precárias, para sobreviver iniciou a tomar empréstimos em ouro prometendo duplicar o valor emprestado no prazo de um mês.

Como ela conseguiu cumprir o prometido nos primeiros empréstimos, criou uma grande fama em Madrid e iniciou a receber mais “clientes” chegando a criar uma “Caixa de Depósitos” onde havia filas diárias de pessoas querendo aplicar o próprio dinheiro com a promessa de um retorno de 30% ao mês (já tinha baixado e não mais dobrava os valores emprestados). Segundo relatos o esquema, antes de ruir, chegou a envolver mais de 5.000 pessoas num valor milionário pra época.


Charles Ponzi, um italiano que emigrou nos EUA em 1903, lançou em novembro de 1919 um esquema de venda de notas promissórias garantindo um juro de 40% no prazo de 90 dias (em uma segunda fase chegou a prometer juros de 50% a cada 45 dias). Em vez de investir o dinheiro que recebia o Sr. Ponzi usava parte do dinheiro de cada novo investidor para pagar os juros prometidos aos investidores mais antigos, ficando ele com o restante.

Ponzi, muito hábil, declarava que o funcionamento do negócio era sigiloso por “razões competitivas”, mas fazia circular a informação extra oficial que tinha a ver com negociação internacional de valores (sobretudo coupons-resposta postais). Os investidores de Ponzi não sabiam direito como a coisa funcionava, sabiam porém que algumas pessoas estavam aparentemente ficando ricas com isso. Obviamente todos queriam ganhar o mesmo e portanto pediam para entrar no sistema. Ponzi chegou a faturar quase 10 milhões de USD, pagando de volta na forma de juros pouco menos de 8 milhões.

Quanto, cerca de 7-8 meses mais tarde, o número de novos investidores cresceu demais (chegando a cerca de 20.000, entre os quais muitas pessoas influentes), as autoridades iniciaram a investigar e ficou praticamente impossível continuar. O sistema começou a ruir, também por falta de novas adesões em número suficiente para manter o esquema funcionando. Logo depois aconteceu o colapso com a intervenção das autoridades e a criação do termo "Esquema de Ponzi". Ponzi foi condenado a 5 anos de cadeia.

Anos mais tarde tentou um novo esquema parecido na Flórida (envolvendo loteamentos de pântanos apresentados como terrenos comerciais) e foi condenado de novo. Terminou seus dias em 1949, num hospital para indigentes no Rio de Janeiro, para onde tinha se mudado.


No início dos anos cinqüenta na Itália começou a difusão de uma carta que iniciava assim "Reze três Ave Maria para São Antonio ...", em seguida eram listadas todas as graças e coisas boas que iriam acontecer para quem seguisse as instruções da carta e todas as desgraças para quem não o fizesse. Entre as instruções tinha a de fazer 10 cópias (na época era a mão ou com máquina de escrever) da carta e envia-la (pelo correio, pagando o selo) para outras 10 pessoas queridas. Isso continuou durante anos na Itália e ganhou o nome de "corrente de São Antônio".

 




Márcia Dias/ Henrique Lima

PB Agora

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