Subestimou a visão da população. Nunca imaginou a revolta diante do custo absurdo de uma competição de 30 dias. Tanto que sumiu do noticiário de propósito. Não sabe como se colocar em relação à revolta popular. A Fifa não quer saber. Aqui em Salvador as pedras dos manifestantes já acertam seus carros. Assim como houve ontem uma tentativa de invasão ao hotel onde seus membros estão. Joseph Blatter passou pelo maior vexame como presidente da entidade em Brasília. Nunca teve a abertura de uma competição vaiada pela torcida. O vexame que passou ao lado de Dilma pode ser esquecido. Mas não os bilhões que a Fifa já contabilizava como lucro pela Copa. A quantia divulgada seria de R$ 5 bilhões. Mas há a certeza da imprensa internacional que o ganho será bem maior.
Os jogadores de fora estão pedindo para seus familiares irem embora. Antes mesmo do torneio acabar. De acordo com jornalistas espanhóis é o que acontece com Shakira. Mal ela desembarcou com o filho de Piqué, Milan, no Rio. E já ouviu que é melhor irem embora por causa dos conflitos. No seu jato particular que os trouxe. Índios foram expulsos para a construção do novo Maracanã. E colocados em abrigos para mendigos. Mais um escândalo internacional. Os roubos se acumulam nos estádios. Assim como a repressão violenta da polícia aos manifestantes. A violência já havia espantado os turistas da Copa das Confederações. Menos de 3% compraram ingressos para os jogos. Mais do que um fracasso, um aviso. O Brasil passou a ser país perigoso, não recomendado. As autoridades brasileiras não enxergaram o óbvio. E se prepararam para receber os turistas que não apareceram. Vários taxistas desonestos continuam trabalhando nas sedes da Copa das Confederações. Principalmente nos aeroportos. Os hotéis aumentaram absurdamente o preço de seus quartos. Os explorados são os próprios torcedores brasileiros que acompanham o torneio. O ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, jurou que fecharia os hotéis aproveitadores. Bravata que não levou a nada. Eles continuam fazendo a festa, sangrando os nativos.
Os estrangeiros não vieram. Nos estádios, seguranças imploram para jornalistas. Pedem que não saiam sozinhos para tentar tomar táxi. Os assaltos são comuns perto das arenas. A situação é vergonhosa. Foi assim em Brasília, Fortaleza e em Salvador. O medo domina a Copa das Confederações. A repressão policial é cada vez mais violenta. Mistura raiva e despreparo. Com tiros de borracha dados a esmo. Spray de pimenta e bombas de efeito moral à vontade. Mesmo assim é possível levar a Copa das Confederações até o final. Cancelá-la traria a certeza de desistir do Mundial. O governo quer mantê-la de qualquer maneira. Não há como garantir a Copa. O interessa à Fifa é o acordo assinado com o governo brasileiro. O comprometimento com o Mundial. Há uma multa caríssima se o Brasil desistir. Tudo está assinado desde 2007, pelo então presidente Lula. Mas ele e Blatter não previam os manifestos.
Há a possibilidade de que os dois lados optem pela desistência. A Fifa também não vai querer organizar uma competição rejeitada pela população. Foi o caso da Colômbia em 1982. O governo se negou a construir 12 novos estádios exigidos pela entidade. Os da primeira fase deveriam ter 40 mil pessoas. Os da segunda fase, 60 mil. E os da decisão da competição, 80 mil. Os colombianos alegaram não ter condição financeira. A Fifa alegou falta de segurança. E a competição voltou foi para o México, em 1986. A decisão da Colômbia aconteceu quatro anos antes do Mundial.
Pela avaliação prévia de pessoas ligadas à Fifa, só há uma opção. Que possa abrigar a Copa em apenas 12 meses. Seria os Estados Unidos. Com estádios modernos e sem grandes problemas de mobilidade social. Há a crise financeira. Ela poderia ser até um atrativo, já que a competição levaria dinheiro. Para Dilma o fracasso seria imenso. Com reflexo contrário à eleição, sonhado por Lula. Mas a Fifa não está brincando. Joseph Blatter diante de tanta pressão foi para a Turquia. Começa hoje o Mundial sub-20. Ele não quis ficar para acompanhar a Copa das Confederações. Mas sabe tudo o que está acontecendo. As ordens são claras, que não tiver condições se cancele. Não só o torneio como o Mundial do Brasil. Os manifestantes estão conseguindo ir além do que sonhavam. Não é só a Copa das Confederações que está em risco. Mas o próprio Mundial por aqui. Como pelo rodízio deve ser mantida na América...Os Estados Unidos poderia surgir como plano B. Sim, a Copa do Mundo de 2014. Aquela que Lula e Ricardo Teixeira trouxeram vibrando para o Brasil. Teixeira sonhava que, com ela, comandaria a Fifa. Acabou exilado em Boca Raton. E o futuro de Lula, Dilma depende do futebol. Não como sonhava o ex-presidente. Os protestos devem ser ainda maiores até o final da Copa das Confederações. O que será péssimo para o governo federal. E piorar sua relação com a Fifa, que está por um fio. Foi muito bem escolhido o lema dos manifestantes.
"O gigante acordou..." (Como havia sido publicado...A Fifa confirma a continuação da Copa das Confederações. Só faltam nove dias e poucas seleções para serem protegidas. Desmentiu o que inúmeros jornalistas comentam pelas sedes. Que times desejam desistir da competição. Mas a Copa do Mundo no Brasil continuará sendo objeto de estudo. Tudo dependerá do arrefecimento dos protestos ou não. A situação não é nada simples. Muito pelo contrário. Os manifestantes estão conseguindo mais que imaginam...)
R7- Cosme Rímoli
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