segunda-feira, 25 de novembro de 2013

AMB e mais três entidades criticam Barbosa por juiz afastado

Conselheiros federais da OAB aprovaram ainda uma moção de repúdio ao ministro Barbosa

presidente eleito da AMB (Associação dos Magistrados do Brasil), João Ricardo dos Santos Costa, criticou nesta segunda-feira (25) a decisão do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, de ter feito pressão para substituir o juiz da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal que cuida do caso dos condenados do mensalão com um "canetaço". Além da AMB, a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) e a AJD (Associação Juízes para a Democracia) também demonstraram preocupação com o afastamento do magistrado do caso.
A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) também rechaçou a substituição do magistrado e informou que irá enviar requerimento ao CNJ (Conselho Nacional de Justiça) para que a substituição seja analisada pelo órgão, que fiscaliza o Judiciário. Os conselheiros federais da OAB, reunidos hoje em Salvador, aprovaram ainda uma moção de repúdio ao ministro Barbosa, cujo conteúdo será divulgado depois.
"Vejo com apreensão essa medida porque passa para a sociedade que o juiz pode ser substituído a qualquer momento por um despacho, um 'canetaço'. (...) Ninguém pode escolher juízes; isso é um atentado ao Estado de Direito", disse Santos Costa, que foi eleito no fim de semana e tomará posse em dezembro.
Na última sexta, Barbosa teria pedido o afastamento do juiz de execuções penais de Brasília, Ademar Vasconcelos, do caso após uma série de desentendimentos. Ele acabou trocado pelo juiz substituto, Bruno André Silva Ribeiro, que é filho de um ex-deputado distrital do PSDB.
Para Santos Costa, um juiz só pode ser afastado após a abertura de um procedimento diante do indício de alguma irregularidade, o que, no entendimento dele, não ocorreu neste caso.
"O Judiciário tem essas garantias para justamente não sofrer pressão política ou econômica, senão, aquele que exercer um poder maior vai conseguir escolher o juiz que irá julgar determinada causa."
O presidente eleito da AMB afirmou que pretende conversar ainda hoje com Ademar Vasconcelos para se inteirar sobre as circunstâncias do ocorrido. Ele não descarta contestar a afastamento junto aos órgãos competentes do Judiciário, como o CNJ.
Em nota, o presidente da Ajufe, Nino Toldo, ponderou que seria preciso "analisar as circunstâncias em que houve a troca de juízes", mas destacou que não se pode aceitar nenhum tipo de pressão que possa "ferir a autonomia da magistratura".
Mais cedo, a AJD também se pronunciou sobre o caso. Em nota, a entidade afirma que Joaquim Barbosa pode ter cometido "coronelismo judiciário" se ficar mesmo comprovado que o magistrado pressionou pela troca do juiz que coordena a execução das penas dos condenados no mensalão. "O povo não aceita mais o coronelismo no Judiciário", diz o texto.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do presidente do STF informou que ele não iria comentar o assunto.
UOL
WSCOM Online

Nenhum comentário :

Postar um comentário