segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Revista Época cita Cássio Cunha Lima como exemplo de políticos punidos por compra de votos em 2008; veja


A matéria de capa da revista Época desta semana aborda acompra de votos. Embora o foco principal das denúncias não seja a Paraíba, a publicação fez uma espécie de mapa da irregularidade na história do Brasil e cita o caso do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) como exemplo das punições a políticos acusados de negociar os votos do eleitorado. Além do tucano, José de Anchieta Júnior, governador de Roraima também teve o mandato cassado em 2011.

O mandato de Cássio foi cassado pelo TRE da Paraíba no dia 30 de julho de 2007 porque a côrte eleitoral acatou a acusação de uso do programasocial da Fundação de Ação Comunitária (FAC) em benefício de sua candidatura à reeleição. Ele permaneceu no mandato por força de liminares até 17 de fevereiro de 2009, quando seus embargos foram rejeitados e José Maranhão (PMDB), segundo colocado na eleição de 2010, chegou ao poder para substitui-lo.

VEJA

Eeição à venda - O mercado de votos que ainda assola o Brasil  

Na lista das profissões em extinção num Brasil que se moderniza, está o carroceiro. Os poucos que resistem evocam gravuras de Debret (1768-1848), o pintor francês que fez a crônica visual do Brasil Colônia. No tempo de Debret, eles transportavam tonéis de água num Rio de Janeiro onde não havia saneamento básico. No Brasil de hoje, puxam pesadas carroças de lixo reciclável, em troca de vencimentos que raramente chegam ao salário mínimo. Na cidade mineira de Betim, município da Grande Belo Horizonte, um carroceiro ganha em média R$ 600 por mês.

Para ele, R$ 280 fazem diferença no orçamento. É essa a quantia que o candidato Carlaile Pedrosa (PSDB) paga a carroceiros em troca de apoio político – como mostra um vídeo obtido com exclusividade por ÉPOCA e que evoca, na era da urna eletrônica, o Brasil do tempo das carroças. As imagens abaixo mostram Carlaile, postulante à cadeira de prefeito de Betim, chegando de carro a um bairro pobre da cidade. Logo depois, uma correligionária dele se encontra com carroceiros. Tira do envelope um maço de dinheiro. Eles ficam felizes.

“Só de o pagamento ser em dinheiro já tá bom demais. Da outra vez foi em cheque”, afirma um deles. “Vai ter mais 140 ou é só este?”, diz outro – e é imediatamente informado de que receberá a mesma quantia depois do pleito, caso Carlaile seja eleito. As imagens evocam, tristemente, o folclore do tempo dos coronéis, quando lavradores descalços recebiam o pé direito do sapato antes da eleição, e o pé esquerdo depois, apenas no caso de vitória do candidato


O Rio de Janeiro de 2012, cidade que se prepara para receber uma Olimpíada e uma final da Copa do Mundo, também tem práticas eleitorais que lembram o Brasil das carroças. Um relatório obtido com exclusividade por ÉPOCA revela como as milícias – brigadas fora da lei que vendem proteção e outros serviços em bairros pobres – cobram pedágio de candidatos que querem fazer campanha em seus “territórios”. De acordo com a apuração comandada pelo procurador da República Maurício da Rocha Ribeiro, chefe do Ministério Público Eleitoral no Estado do Rio de Janeiro, o preço-padrão cobrado de candidatos a prefeito é R$ 10 mil, enquanto os vereadores têm de pagar R$ 4 mil.

As milícias se concentram na Zona Oeste da capital carioca e na Baixada Fluminense. As investigações partiram de um relatório do disque-denúncia – que recebeu 126 queixas de irregularidades nas eleições, 25 delas apontando envolvimento de candidatos com milícias e outras 25 com traficantes de drogas. Nas regiões dominadas por esses traficantes, o pedágio é ainda mais caro – pode chegar a R$ 50 mil.


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