"Nos próximos oito anos, vamos ter chuvas abaixo do normal, em relação ao período entre 1977 e 1998", disse. De acordo com Molion, 2012 possibilitou aos nordestinos- aos paraibanos de modo particular- uma das secas mais severas dos últimos 60 anos.
Segundo ele, o epicentro da seca foi o Sertão, onde, nos meses de fevereiro, março e abril do ano passado, choveu entre 300 mm e 400 mm a menos do que no ano de 2011. "Foi uma seca bastante severa", reforçou Molion.
Estudos citados por Molion apontam que, na Paraíba, entre 1947 e 1976, na fase fria do Pacífico, choveu em média 650 mm por ano. No período de 1977 a 1998, as chuvas aumentaram para 760 mm, quando o Pacífico teve um período quente.
Em dezembro de 2012, Molion fez previsões para o período de fevereiro, março e abril deste ano de 2013 no interior da Paraíba e de outros Estados do Nordeste. A conclusão é que o modelo climático mostra uma redução de 50 mm a 150 mm por ano.
As chuvas estarão abaixo do normal em todo o Nordeste. O ano de 1951 foi igual a 2012. A Paraíba mergulhou numa seca em 1951 e o mesmo aconteceu entre 1962 e 1972. Só que, em 1972, não foi tão severa.
Molion utilizou dados de 1952 para planejar a previsão para 2013. Disse que o período de fevereiro a maio de 1951 foi similar ao que aconteceu em 2012. A tendência é de chuvas abaixo do normal.
Redução de 20% a 50%
"A situação permanecerá. Não vejo boas perspectivas para 2013", reforçou, acrescentando que devem ocorrer trovoadas a partir de 20 de janeiro. "Se ocorrerem boas trovoadas com chuvas, açudes e barragens podem encher, mas entre abril e maio, as chuvas serão reduzidas", disse Molion.
Segundo ele, o Oceano Pacífico controla os fenômenos El Niño e La Niña. Quando ocorre o El Niño, há seca no Norte e Nordeste e chuva no Sul, Centro Oeste e Sudeste. Quando ocorre o La Niña, chove no Norte e no Nordeste e faz seca no Sul, Sudeste e Centro Oeste.
"Hoje, estamos retornando ao período de 1947-1976, quando as águas do Pacífico esfriaram", disse Molion. Naquele período de esfriamento, a Paraíba registrou menos chuvas do que no período posterior de aquecimento do pacífico, quando as chuvas aumentaram.
Atlântico também contribui
Mas a temperatura no Oceano Atlântico, segundo Molion, também contribuem para as secas e os períodos chuvosos no Nordeste. Entre 1948 e 1976, as águas do Oceano Atlântico ficaram mais frias, proporcionando menos evaporação e menos chuvas no Nordeste. Entre 1977 e 1998, as águas do Atlântico ficaram mais aquecidas, o que proporcionou mais evaporação e umidade com chuvas abundantes.
"Se o clima que se estabelecer agora, com o Pacífico frio, for igual ao do período de 1947-1976, haverá redução das chuvas no Cetro Oeste e provocará excesso de chuvas no Rio de Janeiro", disse Molion, com base em estudos de 27 anos de dados climáticos. E o excesso de chuvas no Rio já está sendo verificado. Há dois anos, o Estado é atingido por tragédias provocada pelo excesso de chuvas.
Ainda em relação ao Nordeste, Molion disse: "Podemos estar voltando ao período com menos chuva". Ele lembrou que até 1975, em média, as chuvas foram todas mais baixas do que no período a partir de 1975. No período até 1975, chovia 465 mm por ano, contra 561 mm entre 1977-98.
Correio
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