sexta-feira, 25 de maio de 2012

AS RIQUEZAS ESCONDIDAS DE TENÓRIO-PB


Tenório é um município do Cariri paraibano, a 221 Km de João Pessoa, que já foi distrito de Juazeirinho. Ao conquistar sua autonomia política, na gestão do ex-governador Cícero Lucena, a emergente cidade começou a alcançar maiores níveis de prosperidade e novas opções econômicas foram surgindo. Hoje, cerca de 30% da população local vive em torno do beneficiamento do caulim, um minério de largo emprego industrial, inclusive na fabricação de remédios. As pinhas da região, nativas e organicamente adubadas, são famosas em toda a Paraíba, justamente por causa de suas qualidades naturais.
No Tenório é assim. Quem chega ao Sítio Várzea, a 23 Km da área urbana, nota logo montes de uma substância branca se destacando no meio da vegetação. É o caulim, o ouro branco extraído do seio da terra, que fornece o pão de cada dia a centenas de famílias. Ao lado das banquetas de extração e de máquinas que lavam o minério, um rapaz de 20 anos, Fernando Alves Bezerra, entrega-se à faina diária de lavar, retirar a água e comprimir a goma que o caulim deixa nos tanques de decantação.
A extração do caulim, como pouca gente sabe, não é tarefa tão fácil assim. O minério, na maioria das vezes, é extraído de profundidades de até 150m. Depois de lavado é prensado até chegar ao ponto de "placa". Submetidas ao sol, as placas viram pó, que é ensacado e enviado para os pontos de beneficiamento industrial. No Sítio da Várzea, uma das dezenas de jazidas de caulim existentes no Tenório, as riquezas minerais vão surgindo aos poucos. O caulim é uma delas, embora se fale, também, em minerais mais valiosos, que brevemente poderão ser extraídos, para aumentar a oferta de emprego.
A riqueza branca que a terra do Tenório produz já rendeu dividendos. Erenilson Batista da Cruz, vice-prefeito do município, possui a maior indústria de beneficiamento de caulim do município. Somente no Tenório, a mão-de-obra empregada por Erenilson é de cerca de 150 pessoas. Erenilson também possui beneficiamento de minérios no Rio Grande do Norte. Tenório, segundo pesquisas do Centro Gemológico do Nordeste, órgão da UFCG, situado em Campina Grande, está na faixa geológica onde recentes pesquisas descobriram pegamatitos de grande aceitação comercial.
Tenório fica na fronteira com os municípios norte-rio-grandenses de Parelhas e Equador. Nesta área, uma faixa geológica que se estende até Juazeirinho e Soledade, passando pelo Tenório, existem berilos, ametistas, águas marinhas, quartzo róseo e feldspato. "Futuramente, a exploração dessas jazidas irá gerar novas riquezas. E tanto o Tenório como outras áreas serão financeiramente beneficiadas", diz o professor da UFCG Alcides Ramos, mestre em engenharia de minas e especializado em lapidação de gemas.
A zona rural de Tenório situa-se em área de transição climática, que envolve o Curimataú e o Cariri. As boas chuvas não ocorrem com frequência por aqui. E a água do subsolo, raras vezes, não é salobra. Mas, como a sorte muda a cada passo, a da dona de casa Marluce Fernandes Dias de Oliveira, mudou 18 meses atrás, quando uma equipe do Projeto Cooperar esteve no Sítio Várzea e perfurou um poço artesiano. De pura água doce.
O poço, que tem vazão de cinco mil litros d'água por hora, foi um presente de valor para as cerca de 25 famílias que moram no Sítio Várzea do Cariri. "A gente lava roupa e as manchas não aparecem mais", diz Marluce, satisfeita. "O consumo humano e animal desta água também não dá mais problemas no estômago", esclarece. O veio de água doce que abastece o poço, representa, nesta região, uma raridade, onde o teor salino dos lençóis freáticos é conhecido por leigos e instruídos.
Alguns açudes conseguem juntar água doce por boa parte do ano. Mas a coleta d'água, nos períodos de sol quente, se torna penosa. O poço é encimado por uma caixa d'água de fibra, com capacidade de armazenagem para cinco mil litros. Esta quantidade d'água é o bastante para abastecer os usuários. A perenidade do reservatório está tendo desempenho positivo. Desde quando passou a funcionar, a vazão não alterou.
"Nosso sonho era dispor de água encanada. Nós já temos, que é este poço aqui", diz Marluce. Fernando Barbosa brinca: "nós temos bons conhecedores de água por aqui: o bode e o maribondo. Se eles dois beberem, então a qualidade da água é boa". No interior da Paraíba corre este ditado; "Somente o bode e o maribondo sabem o que é água doce. No Sítio Várzea do Cariri esse teste já foi feito.
A história do poço é parecida com a do próprio município. Tenório surgiu numa área onde os riachos não são perenes e a natureza só é pródiga no período de chuvas. Dizem que um mameluco (mestiço de branco com índio) passou por aquelas bandas há uns cem anos. Ele percorria as trilhas que conduziam para o Rio Grande do Norte, tangendo animais de carga. Gostou de uma região plana, onde existia um açude e coqueiros, local preferido para pouso dos viajantes.
Tenório gostou do lugar. Abriu uma cacimba para dar água aos animais e às pessoas que o seguiam. Em torno da cacimba foram sendo construídas casas e outras feitorias. O então lugarejo foi batizado de Tenório, em homenagem ao seu pioneiro fundador. O lugarejo ganhou dimensões de arraial. Depois, passou a distrito de Juazerinho. Hoje, é município independente. Algumas enciclopédias especializadas garantem que Tenório é um nome de origem italiana, que significa "ligeiro". Outras o dão como de origem toponímica espanhola.

Postado por: politicaenfoco

Um comentário :

  1. gostei sou dai e nao sabia da historia do meu lugar por falta de conhecimento talvez nunca falaran na escola

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