São as notas ao teclado de "Detalhes", em sua versão em castelhano cantada pelo próprio Rei, que introduzem uma propaganda de Maduro.
"Detalles tan pequeños de los dos/son cosas muy grandes para olvidar", canta Roberto. Então, surge o narrador: "Detalhes - Histórias reais vividas na rota do ônibus da revolução", uma referência ao passado do chavista como motorista de ônibus.
"Você é igual a mim. Eu sou igual a você. Sou operário como você", diz Maduro, de cocar, a duas eleitoras. "Não importa a raiva que vocês tenham do governo. Estamos aqui para proteger vocês."
Uma delas rebate: "[Raiva] de Chávez não, ouviu?", numa demonstração de um problema para o herdeiro na campanha e no governo: os chavistas repetem que apoiavam o presidente morto em março, mas não parecem tão dispostos a perdoar as falhas do governo chavista.
O vídeo termina com a decisão do presidente venezuelano de entregar uma nova casa às mulheres.
A propaganda foi exibida no canal estatal VTV há duas semanas, já depois da apertada vitória sobre Capriles por 1,49% dos votos. Está disponível no canal oficial da Presidência da Venezuela no YouTube, que se refere à produção como parte de uma série de vídeos.
"A lealdade é uma pérola entre os grãos de areia que só os que realmente entendem o seu significado podem ver", lê Maduro, citando Coelho, nas imagens.
"Fizemos a notificação jurídica a ser enviada via escritório da Venezuela, à qual se seguirão as medidas indenizatórias pelo uso indevido da obra", afirmou o advogado Marco Campos.
Segundo ele, o cantor brasileiro não costuma autorizar a utilização de músicas suas para fins políticos.
Não é a primeira vez, no entanto, que a TV estatal usa uma canção de Roberto.
Em fevereiro, peça embalada com "Amigo" falava da amizade dos "irmãos de luta" Evo Morales, presidente da Bolívia, e o então convalescente Chávez.
A assessoria da Presidência da Venezuela não havia respondido aos pedidos de informação sobre o tema até o encerramento desta edição.
A empresa Pólis, de João Santana, informou que o marqueteiro brasileiro não tem vinculação com "Detalles". Santana não trabalhou na campanha de Maduro, mas dirigiu o depoimento de Luiz Inácio Lula da Silva em apoio ao chavista e autorizou o uso de peças produzidas por ele para Chávez em 2012.
G1
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