sexta-feira, 31 de maio de 2013

Cigarro vicia tanto quanto heroína e crack, diz psiquiatra

De acordo com médico, fumante passivo pode ter câncer e infarto

 Em todo o mundo, seis milhões de pessoas morrem por ano vítimas do cigarro. Só no Brasil 130 mil morrem em decorrência de doenças relacionadas ao tabagismo, ou seja, 13% das mortes no País. Nesta sexta-feira (31), em que se comemora o Dia Mundial sem Tabaco, o psiquiatra Thiago Fidalgo, coordenador do setor de adultos e adolescentes do Proad (Programa de Orientação a Atendimento a Dependentes) da Unifesp afirma que, ao lado da heroína e do crack, o tabaco é uma das drogas com maior potencial de causar dependência.
Além disso, o médico afirma que o tratamento é um dos mais difíceis. A duração média é de três a quatro meses, mas a vigilância deve ser mantida a vida toda.
— O índice de recaídas é altíssimo. As taxas de sucesso, usando medicação, terapia e grupo de apoio, são de 50%. Nosso objetivo é ajudar a pessoa em seu esforço para abandonar o vício.
Doenças
De acordo com pneumologista e professor da Unifesp, José Jardim, existem mais de 50 doenças relacionadas ao cigarro.
— Sabemos que o tabagismo é a principal causa dos problemas respiratórios, chegando a causar danos irreversíveis no tecido pulmonar em 45% dos casos. O cigarro é sempre o vilão, seja causando doenças pelas suas próprias substâncias, como a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) ou baixando a imunidade do fumante, permitindo, assim, que a pessoa contraia tuberculose, infecções pulmonares, fibrose pulmonar, entre outras.
A DPOC é uma doença de evolução progressiva e que engloba a bronquite e o enfisema pulmonar. Ela se desenvolve a partir da exposição prolongada dos brônquios (estrutura que leva o ar para dentro dos pulmões) às substâncias tóxicas contidas em fumaças. Em 80% dos casos, a fumaça do cigarro é a principal causa. No Brasil, cerca de cinco milhões de sofrem de DPOC no Brasil, sendo a 5ª causa de morte no País, com 35 mil por ano.
— Atualmente, sabemos que existem 4.720 substâncias no cigarro, das quais cerca de 60 são cancerígenas. Inalar essa fumaça não causa somente problemas respiratórios, mas aumenta o desenvolvimento de vários tipos de câncer como o de mama.
Ainda de acordo com o especialista, o cigarro também influencia a vida social e até profissional dos fumantes, já que são proibidos de fumar em locais fechados, precisam interromper seu trabalho para procurar um espaço aberto, diminuindo sua produtividade e concentração. Nas horas de lazer, a pessoa precisa se afastar e procurar os “fumódromos”, ou, muitas vezes, ir até a rua, atrapalhando o convívio com aqueles que não fumam.
Fumante passivo pode ter câncer
Os fumantes passivos também sofrem as consequências do tabagismo, de acordo com Fidalgo. Elas podem desenvolver câncer ou ter infarto.
— Embora todos saibam que a nicotina deve ser evitada durante a gravidez, os maiores riscos para o bebê em desenvolvimento continuam sendo os associados ao tabagismo. Existem diversas pesquisas que comprovam, por exemplo, a associação do fumo e do fumo passivo durante a gestação com o desenvolvimento de TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) na criança que ainda vai nascer.
Pesquisas de consumo revelam que as variações na forma de embalagem, tamanho e método de abertura do maço do cigarro influenciam o aumento das vendas. Para o médico, a indústria deveria expor os danos causados pelo tabaco com mais eficácia. Segundo o psiquiatra, a estratégia gradual (reduzir o número de cigarros consumidos por dia) não deve durar mais de duas semanas.
— O mais importante é marcar uma data para que seja seu primeiro dia de ex-fumante. Existem outros métodos que podem ser tomados. O ideal é sempre procurar ajuda de um especialista.

R7

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