Nesta sexta-feira (22) é comemorado o Dia Mundial da Água, data estabelecida pela Organização das Nações Unidas (ONU) e, na Paraíba, a data é lembrada com ações em diversas cidades, com foco principal no consumo consciente e na seca. Um estudo da Agência Nacional de Águas (ANA) mostrou que dos 223 municípios, 143 (64%) precisavam de investimentos em obras hídricas porque a demanda de água já é maior do que a oferta. Segundo a Aesa, cerca de 2 milhões de paraibanos vivem no semiárido, onde o déficit hídrico é muito grande, de 97%. Outro dado preocupante é que 155 municípios (69,5%) são abastecidos por reservatórios com indicativos de poluição.
O Atlas, estudo da ANA, divulgado em 2010, foi um estudo de planejamento dos recursos hídricos com o objetivo de verificar se as obras poderiam atender a demanda até 2025, levando em consideração consumo, características climáticas e projeção populacional. Os resultados mostraram que a maioria das cidades apresentou déficit hídrico. Segundo a especialista em Recursos Hídricos da ANA, Elizabeth Juliatto, que participou na elaboração do estudo, algumas das soluções apresentadas estão sendo feitas, como a adutora do Congo e outras obras hídricas.
Elizabeth explicou que em algumas localidades o esgoto é jogado diretamente nos rios, sem nenhum tratamento, e é comum encontrar lixo nas margens, poluindo e encarecendo o tratamento. Porém, garante que as estações conseguem fornecer água de boa qualidade, pois precisam atender os padrões de qualidade determinados pelo Ministério da Saúde. “É preferível tomar essas águas, que são monitoradas, do que as águas de um poço perfurado em fundo de quintal que não passaram por nenhum teste de qualidade. A água pode estar límpida, mas os organismos que prejudicam a saúde são invisíveis a olho nu”, garantiu.
A especialista apontou que a solução para o déficit de água, principalmente no Interior, é a construção de açudes com grande capacidade de armazenamento. Ela também citou a transposição do Rio São Francisco ressaltou que a população tem um forte papel na preservação. “A água é uma riqueza e desperdiçar é um pecado”, ressaltou.
Potencial subterrâneo é pouco explorado
“A situação é que temos uma população com pouco mais de 28 milhões de pessoas (no Nordeste) vivendo no semiárido com déficit hídrico muito grande, de 97%. Na Paraíba, são cerca de 2 milhões de pessoas no semiárido”, analisou o presidente da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), Moacir Barbosa da Veiga Filho. Ele apresentou que o prognóstico da meteorologia é de chuvas abaixo da média, mas intensas. “Na região do Brejo e Agreste, quando chove muito, soma 500 milímetros. O volume pluviométrico está bem abaixo do que seria necessário para ter agricultura e pecuária adequadamente”, disse.
O presidente da Aesa informou que o Estado tem potencial de águas subterrâneas, porém é pouco explorado devido ao alto custo. “A exploração tem o mesmo custo do petróleo. Ao analisar o custo/benefício é melhor investir em outras obras hídricas e preparar o Estado para receber as águas do Rio São Francisco, que é mais barato”, explicou. Moacir destacou que é preciso investir em melhorias e em novas obras. “Em Campina Grande, por exemplo, a última obra hídrica foi feita há 50 anos, o açude de Boqueirão, que abastecia apenas a cidade. Hoje mais cidades são abastecidas por esse açude”, contou. Ele adiantou que a proposta é interligar as bacias hidrográficas, levando água para regiões com maior déficit no abastecimento, como Curimataú e Brejo. “A Aesa ficará responsável pela manutenção do canal da Redenção, que está praticamente abandonado”, disse. Conforme dados da Aesa, 39 açudes públicos estão abaixo de 20% do volume total e 15 estão em situação crítica, com volume inferior a 5% do volume total. Moacir informou que é preciso chover pelo menos 600 milímetros até maio para dar uma recarga d’água.
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