A oito meses das eleições, pré-candidato tucano começa a definir os principais nomes que integrarão seu staff eleitoral
Preocupado em largar na frente na corrida eleitoral, o pré-candidato tucano à Presidência Aécio Neves se antecipa na formação do time que levará para a campanha. Na última semana, o senador de Minas Gerais começou a escalar nomes para compor a sua equipe eleitoral. Parte de seu staff ficará responsável por alinhavar o programa de governo, que será apresentado junto ao lançamento oficial de sua candidatura dentro de apenas um mês, em São Paulo. Os demais integrantes cuidarão dos palanques, da articulação política, da mobilização nas redes sociais e do contato com empresários. Uma inovação da campanha de Aécio se dará na área do marketing.
Numa tentativa de se diferenciar do PT, que nas últimas três eleições contratou a peso de ouro figuras consagradas do marketing político, como Duda Mendonça e João Santana, Aécio decidiu não adotar a figura do marqueteiro. Preferiu montar um conselho com a presença de figuras de proa de agências de publicidade e produtoras de tevê. Paulo Vasconcelos, que já trabalhou em campanhas anteriores do próprio Aécio, vai integrar o colegiado, mas sem cargo de comando. “As decisões serão tomadas em conjunto, de forma democrática, respeitando as diferentes opiniões e experiências. Esperamos atingir um eleitorado mais amplo e diverso, como é o brasileiro, sem clichês e estereótipos”, diz à ISTOÉ um dirigente tucano.
Essa descentralização das atividades também ocorrerá na coordenação da campanha, que terá um representante para cada região do País. A região Nordeste ficará a cargo do senador Cássio Cunha Lima (PB). O governador do Paraná, Beto Richa, cuidará do Sul, enquanto a região Norte estará sob a batuta do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. A exceção é a região Sudeste. Devido a seu peso eleitoral, terá um coordenador para cada Estado.
Principal aliado de Aécio em Minas Gerais, Anastasia ficará encarregado de formatar o programa de governo. Os nomes que irão ajudá-lo nesse processo de alinhavar o que Aécio chama de “projeto alternativo para o País” foram separados por áreas. Para cada setor, Aécio designou um especialista. Para propor um novo modelo de saúde pública, chamou Barjas Negri, ex-ministro da Saúde de FHC. Também ligado a Serra, Negri é um crítico do programa Mais Médicos de Dilma. Nos últimos dias, Negri, acompanhado de Aécio, reuniu-se com Giovanni Cerri, da Faculdade de Medicina da USP, e Gonzalo Vecina, do hospital Sírio-Libanês.
Na área de segurança pública, o nome escolhido pelos tucanos é o do professor da UFMG Claudio Beato, diretor do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública. Beato defende, entre outras propostas, a desmilitarização das estruturas policiais e a instituição de uma carreira única de polícia. No meio ambiente, trabalham em parceria o consultor Fábio Feldman e o engenheiro José Carlos Carvalho, outro ex-ministro de Fernando Henrique. O ex-presidente também indicou a Aécio os embaixadores aposentados Rubens Barbosa e Celso Lafer. Eles defendem uma nova atuação internacional do Brasil, que priorize o comércio exterior e a retomada da confiança dos investidores externos, além da defesa intransigente dos direitos humanos – um recado direto ao apoio das gestões petistas ao regime cubano de Fidel Castro.
Na economia, embora tenha imprimido um tom mais liberal em seus discursos, ainda não está muito claro para onde Aécio irá caminhar. Para propor soluções na política econômica, área considerada pelos tucanos como o “calcanhar de aquiles” do governo Dilma, Aécio recorreu a velhos colaboradores de FHC de pensamentos opostos: o ex-presidente do BC Armínio Fraga e o ex-secretário de Política Econômica José Roberto Mendonça de Barros. Por ora, Armínio já cumpre um importante papel: é ele quem faz a interlocução de Aécio com empresários e banqueiros. À equipe, também foram agregados dois jovens economistas que trabalharam para Tasso Jereissati: Samuel Pessoa e Mansueto Almeida. O primeiro, além de economista, é físico, formado pela USP, professor da FGV, um dos fundadores da Tendências Consultoria e hoje sócio da Reliance, uma gestora de recursos privados. O segundo é mestre em economia também pela USP, assessorou Pedro Malan e atua no Ipea.
Na área social, a campanha de Aécio tem como objetivo reforçar a ideia de que os tucanos foram os pioneiros de programas de inclusão, com a criação do Bolsa Escola, ampliado depois pelo PT para o Bolsa Família. Este capítulo, ficará a cargo do deputado Eduardo Barbosa (PSDB/PR) e da senadora Rita Camata (PSDB/ES). Eles trabalharão, nos próximos dias, na coleta de sugestões para políticas públicas na área de educação e assistência social, incluídos aí os programas de inclusão e distribuição de renda.
Para se contrapor aos chamados guerrilheiros virtuais do PT, a coordenação da campanha de Aécio na internet será exercida pelo ex-deputado Xico Graziano. O engenheiro agrônomo, que teve papel importante na candidatura de José Serra em 2010, é diretor-executivo do site Observador Político, do Instituto Fernando Henrique Cardoso (IFHC). Sem histórico de atuação em redes sociais, Graziano tem feito consultas no mercado para montar uma equipe capaz de rivalizar com o PT num terreno que a cada eleição ganha muita força.
Revista ISTOÉ
WSCOM Online
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