sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Aluno brasileiro já monitora e até faz satélite

Tecnologia mais acessível aproxima escolas de pesquisas espaciais e agências como a Nasa

 O espaço sideral nunca esteve tão perto das salas de aula brasileiras. Alunos de escolas públicas e particulares estão monitorando satélites lançados pela Nasa pela internet, sem precisar sair da escola. A agência espacial americana, contudo, quer ir além: pretende estabelecer uma parceria entre estudantes da Califórnia e brasileiros para que juntos desenvolvam um satélite.
Enquanto isso, colégios daqui constroem os próprios microssatélites, de cerca de 10cm², para depois submetê-los a voos suborbitais (que não entram em órbita) e fazer imagens da superfície terrestre. Também monitoram imagens do primeiro satélite do projeto, o ArduSat, que tem cerca de 30 sensores diferentes. Lançado no dia 4, ele foi projetado por uma startup americana, a NanoSatisfi, que desenvolve os programas que possibilitarão que alunos brasileiros tenham acesso às informações coletadas no espaço.
Com a tecnologia desenvolvida pela empresa, é possível que os satélites sejam locados temporariamente pelos brasileiros e configurados remotamente com todos os sensores. Dessa mesma forma, qualquer outra pessoa pode locar um satélite e obter informações sobre radiação, campos magnéticos ou até frequências de luz. "O ArduSat foi desenvolvido especialmente para que seja explorado democraticamente por estudantes, professores e adoradores em todo o mundo. Só foi possível com financiamento coletivo e com uma rede de parceiros. O nosso objetivo é tornar o espaço disponível para mais de 500 mil alunos em 5 anos", afirma Chris Wake, vice-presidente de negócios da NanoSatisfi.
Ao mesmo tempo em que monitoram esses dados, escolas como a Graded School Morumbi e a Referência Silva Jardim, um colégio público modelo do Recife, constroem os próprios satélites com a tecnologia da plataforma Arduíno, que funciona como uma espécie de "Lego eletrônico".
É o que fez o estudante Bruno Riguzzi, de 14 anos, da Graded. Nas últimas férias, ele foi aos EUA visitar centros de pesquisas da Nasa com a escola para aprender como gerenciar satélites no Brasil. "A gente viu como funcionam os satélites e foguetes da Nasa lá primeiro, para depois fazer os nossos. Estamos esperando que ainda neste mês possamos começar a baixar informações do que já está em órbita", diz. "Isso é muito novo no Brasil e eu nunca imaginei que fosse lidar com uma tecnologia como essa na escola, porque não sabia que era simples."
A ideia do projeto é que os satélites criados pelos alunos sejam lançados em pouco tempo e que os estudantes possam desenvolver as próprias tecnologias para decodificar as informações. "Queremos encorajar os alunos brasileiros a construir pequenos satélites e submetê-los ao nosso programa de voos suborbitais para que possam testá-los nas mesmas condições que existem no espaço", afirma Dougal Maclise, gerente de Tecnologia do Centro de Pesquisa Ames da Nasa.
Ele explica que uma das principais dificuldades na montagem das tecnologias espaciais é lidar com a gravidade zero. Para isso, a Nasa realiza voos curtos, de 10 segundos a 4 minutos, para que pesquisadores ou estudantes simulem suas tecnologias como se estivessem na Estação Espacial Internacional. Nesses voos é que serão testados os satélites dos alunos brasileiros.
O projeto chegou ao Brasil por meio do professor de Física Manoel Belem, que fundou a empresa SpaceTrip4Us. Ele ensina alunos e professores brasileiros a construírem os microssatélites e a monitorarem as informações.
"Faltava no Brasil uma plataforma móvel de aprendizagem simples que não sobrecarregasse o professor e permitisse curadoria de qualquer conteúdo com mobilidade. Monitorando o espaço, os alunos descobrem na prática que aprender Física é simples", afirma Belem.
Custo
O pacote todo, contudo, ainda não é barato. Contando com aulas, treinamento de professores e a construção do satélite, pode chegar a até R$ 10 mil para a escola. No Recife, a EREM Silva Jardim tenta comprar todo o serviço por meio de financiamento coletivo. "O que eu mais quero é tornar esse conteúdo disponível a escolas públicas, principalmente por financiamento coletivo", afirma Belém.
Já escolas como o Dante Alighieri e o Centro Paula Souza, ambos em São Paulo, optaram por pacotes mais baratos: formam os professores para dar aulas de Robótica, Física e Matemática de forma mais interativa, mostrando aos alunos as experiências da agência espacial americana.
Último segundo

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